quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Tem Rum, Tá Ótimo - Parte II

Chegamos em casa, ele era incrível e vivemos uma grande paixão de bêbados que eu até tenho vontade de contar uns detalhes gratuitos que obrigariam o blogger a colocar aquele warning antes de você entrar, avisando de conteúdo inadequado. Basta dizer que eu bêbado desafiava ele por ser mais novo, e ele ia lá e mostrava que ser mais novo não significava nada, e desde então a conexão idade e experiência não vale muito para mim. Por isso que hoje todos me criticam quando digo a idade mínima que eu considero pra ficar - que como tenho responsabilidade jurídica não vou revelar, mas que pra não assustar o leitor só comento que não é menos do que 15 anos. (sorrisos)

Voltando... Levei ele pra casa depois, com vento e frio entrando pela janela inexistente. Momento emo: ele dizendo que gostava de mim. Ai... *lagriminhas*. Mas preciso relativizar, porque a gente ainda tava bêbado. Tanto que ao voltar sozinho me perdi num grau que só lembro de ver, de repente, aquelas letras grande de concreto paradas numa praça spelling O-S-A-S-C-O.

Daí dia seguinte eu achei cabível mandar uma mensagem ou algo assim. Porque houve a época em que eu ainda me pautava pela cartilha HT de que é de bom tom escrever para a pessoa que esteve em sua cama na noite anterior. Escrevi que a garrafa de rum ainda tava pela metade, e que isso precisava ser resolvido. Ele respondeu que sim. So far, so good.

Daí em diante, minhas amiga... It was all downhill.

Lembrem-se que nós estudávamos no mesmo lugar. De noite. Eu tinha carro. Eu não trabalhava. As possibilidades eram infinitas! Mas alguma coisa sempre dava errado. Até que um dia já estava deitadinho em minha cama quando recebi uma mensagem dele. "Não estamos conseguindo nos encontrar. Precisamos resolver isso". Aquela hora eu ri, chorei, morri, resuscitei... não só ele havia ido atrás de mim, como também havia feito uma referência a minha mensagem anterior, e com isso admitia tacitamente que nós já tinhamos uma história. Porque no coração a gente não manda, minhas amiga, quando o amor vem ele vem!

Mim Pol Gay tanto que não consegui dormir, e nesse não-conseguir-dormir senti que algo coçava em baixo dos meus lábios. Fui para o espelho e aproximando-me percebi. E morri. Eu estava com...

Herpes.

Agora assim... já não bastava eu ser pobre, negro, favelado, homossexual e profissional do sexo, ainda vou nascer com isso? O povo morre de preconceito quando eu falo que tenho herpes, parece que eu transei com mendigos sem camisinha e acordei com aquilo. É genético, gente. Pega, sim, mas só se a bolinha estiver lá na hora. Ou seja, agora vai um recado pro meu público (adoro contato com o público): continuem me beijando sem medo, que se o herpes aparecer de novo podexá que eu me tranco em casa.

Foi o que eu pensei em fazer, só que eu já tinha marcado com o menine. É o grande paradoxo torturante, grande ironia terrível da vida: você quer fazer, a pessoa também, mas você precisa inventar uma desculpa para que não aconteça. E a desculpa precisa ser boa, porque não pode parecer desculpa, porque se parecer desculpa o outro pode achar que na verdade você não está afim. Resumindo, é pra pessoa se matar, mesmo.

Enfim: inventei desculpa, mas recebi uma mensagem sugerindo que fugissemos da aula. Gente, oi, FUGIR DA AULA PRA SE PEGAR NO CARRO, é tentação demais pra esse coraçãozinho, o luver tá aí pra provar que a carne aqui é fraca, eu não sabia o que fazer... Confesso que pensei seriamente em pegar a ética, amassar e jogar no lixo, mas meu senso moral falou mais alto. Resolvi chamar ele pra uma conversinha no carro e contei a verdade, a dura verdade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ai gente, eu também tenho herpes.

c.h.i.c.o disse...

Que boa contadora de histórias o senhor é. Fiquei intrigado... continuaê pas amiga!