terça-feira, 9 de setembro de 2008

O alemão que me deixa louco

Odeio ler textos bons - ou gente que eu respeito - falando que ter memória é uma coisa importante pro ser humano. Sério. Tô pra ouvir alguém defender alguma teoria de que um homem sem passado também possui dignidade, e encontra meios igualmente dignos para viver.

Nada mais me lembro. E queria me sentir menos culpado por isso.

Ok. De domingo lembro de tudo, mesmo tendo sido gratuito em muitas ocasiões (mas de orgulho intacto). Sexta idem. Quinta nada mais me lembro mêêsmo, mas o caso não é esse. As vergonhas desses últimos dias já passaram e tô cagando. Beijoaí pra você que se sente lesado.

Mas assim, tô falando do panorama geral. Não agüento mais ter a sensação de que. Tem sempre um, em algum lugar que eu tô, que eu acho que já beijei, tem sempre um que eu acho eu já briguei, tem sempre um que eu acho que já falei 3 horas seguidas sobre política. Coisa que não tenho saco (nem bagagem) pra nem 2 minutos de papinho. E assim, cada dia mais e mais a única sensação que eu tenho é de *eu acho que*. Não tem mais nenhuma pista se é uma lembrança boa ou ruim. Não vem raiva, não vem alegria junto. E a vida é assim. Um grande corredor único com uma figuração de ex-alguma coisa.

Preciso nem dizer que nessas eu devo ser o antipático do universo, né? Porque convenhamos: não vou dar oi pra alguém que possa ter sido uma briga que eu tive. Mas se eu penso isso e na verdade foi algum beijo esquecível da minha vida, nunca saberei. E jamais terei dado oi. Pior: sou capaz de fazer força pra evitar.

Só hoje que eu fui lembrar o nome de um cara - que ano passado fui da Lôca para sua casa - que revi domingo. Só fui lembrar o nome ho-je. E quando eu digo lembrar, leia-se que eu fui até o orkut de um amigo que temos em comum, e procurei por ele. Beijo-memória.

Se alguém um dia me contar quanto custa um pulmão no mercado negro, custa nada liberar quanto vale um cérebro. Enquanto isso tem o blog. Onde às vezes, relendo, eu preciso ir até o rodapé pra lembrar que ôpa, fui eu quem escreveu.

2 comentários:

"j" disse...

nossa... faço minhas as suas palavras. não tem o que por nem tirar. minha vida é uma grande sensação única de 'alguma coisa eu fiz, mas não lembro'.

Anônimo disse...

Ooi.
Eu acompanho o log há uns meses, como acompanho tb o 'seraquesoueu'. Adoro ler as histórias de perda de dignidade aqui e lá, pq asism não me sinto sozinho no mundo. Talvez um pouco menos junk no quesito 'o que usar ra icar louco', levo um dia-a-dia parecido com o de vcs.
Primeira vez que comento, porque dessa vez eu concordo com vc. Odeio gente que valoriza demais a memória, pq um leve copo de cerveja jah me altera a ordem dos fatos. Eu me sinto num vazio enorme. Não aguento mais també. E o pior são as pessoas que lembram e fazem questão de te deixar em dúvida só pra te zuar.

Bom, bjo. e adoro o blog.