terça-feira, 26 de agosto de 2008

Perdas e Danos

Assim. Existe a ressaca, existe a ressaca forte, e existe a ressaca depois de beber galões ir pra casa de alguém desconhecido fumar a maconha mais forte do universo e ir pra o trabalho depois de dormir apenas 3 horas sem beber nem um golinho de água. Mais conhecida como near-death experience, comparável à mergulhar a 2 quilômetros sem tubo, ser enterrado vivo, tipo quase um dos feitos do David Blaine (fun fact: ele já namorou a fiona apple. oh, eu não sabia!)

Primeiro que eu cheguei @work estupidamente atrasado, mas essa parte eu contornei bem. No caminho pra lá decidi que ia falar que tinha ido no médico, e até revi na minha cabeça respostas hipotéticas se ela perguntasse "mas médico de que?". Alergista seria o mais verossímil, me conhecendo, mas pensei que talvez houvessem perguntas subsequentes e eu jamais conseguiria responder algo que tivesse algum sentido. Ia soltar alguma coisa do tipo "ai, o ar seco dessa cidade, menine" e mano... não ia pegar bem.

Acabei decidindo por responder urologista - nenhuma pessoa sensata ousaria fazer mais perguntas a partir daí. Mas nem precisei. Acho que ainda tava bêbado então foi tipos um "oi-é-cheguei-tarde-e-aí-como-vc-tá-eu-to-ótima" seguido de comentários espontâneos sobre a parte de política no jornal do dia. Foi quando the boss comentou - "esse Lula precisa é parar de beber em serviço".

Minha boca concordou, mas eu abri foi um grande leque interno pensando se aquilo não era uma indireta. E vocês sabem como o cérebro de dia seguinte fica perdido e auto-sugestivo, então eu só pensava oh my god oh my god she knows, SHE KNOWS! RUN, FOREST, RUN! E ela ainda repetiu "esse Lula precisa é parar.de.beber.em.serviço". Tava a dois passinhos de me ajoelhar e dizer DESCULPAAAA CAGAY NO MAIÔÔÔ mas resolvi direcionar os dois passinhos pro banheiro.

Assim, não foi a primeira vez que eu vomitei no banheiro do trabalho, mas geralmente eu tava sozinho num raio de três salas então podia me jogar sem dó nem piedade. Mas todo mundo sabe que vomitar é barulhento, então dessa vez eu me inclinei para a pia, liguei a torneira e fiz o impossível para controlar meus espasmos e fazer um vomitinho blasé, discreto, silencioso, amélico, submisso, fofo, limpo, bonito e feminino.

Acabei indo no banheiro a cada dois minutos - literalmente, mas literalmente meixmo. Pensei até em comentar "vixe, to com uma diarréia insana" pra não levantar suspeitas mas oi, ninguém perguntou, gratuidade tem limite. Como vomitinhos discretos não estavam fazendo o serviço, inventei uma ida pra padaria e usei o banheiro de lá. Um sanduíche de queijo depois e eu já tava bowa e pronto pra outra!

No final deu tudo certo. Mas aprendam comigo - toda bebedeira tem seu custo, seja ele emocional, psicológico, físico, financeiro ou material. No caso foram meu relógio e meu isqueiro novo, que ficaram na casa da pessoa da noite anterior. Eu sempre disse que vale a pena não ter isqueiro bom, vai embora um por semana, mas você quis dizer eu não quis escutar e PLIM lá se foi. E o relógio também. Pra não sofrer eu to dizendo que ligo não, tava cansado dele mesmo, mas é óbveo que estou é me enganando a si mesmo.

Conclusão triste: uma ressaca passa, mas tem coisas que não voltam nunca. Mesmo que você tenha o telefone da tal pessoa, que não te atendeu nenhuma vez porque deve ter calculado que o preço de dormir com você de novo não vale a pena e opa, ganhei um relógio. O mesmo cálculo que eu já fiz, pois penso que achei ele no orkut e não quero acreditar que ele é tão feio assim, então jamais adicionarei.

Beijos-me-mata.

Nenhum comentário: