quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Gepeto

Quando o assunto é bêbado, ou pretensão de ficar virar um, sempre esclareço: não-vou-tomar-c-o-n-t-a! Não vou!

E essa decisão de vida veio pra mim num fatídico dia em que saí da minha casa com o objetivo de me divertir e nada mais. Doce ilusão.

Pelo caminho encontrei já uma tchurminha bem da calibrada. Mas assim. Naquele nosso grau normal e por nós aceito. Não aceito por muita gente em volta, muito menos pela polícia. Mas, enfim, o usual.

Ok. Tudo isso que disse valeu pra mim e pro povo. Digo, maioria do povo. Porque um chamado "a" resolveu ser avançado, nesse dia, tipos o mais lóki da turma, e então se calibrou com ...(?)... é, jamais saberemos quantas foram as doses de tequila ingeridas pelo meninë. Mas assim, digamos que ele botava qualquer mexicano no chinelo.

Enfim. Sabe a imagem que você tem da gente pelas histórias aqui contadas? Triplica. Lembra do "j" usando a expressão poderia ser pior? Gente. Esse dia foi! Foi muito pê-ór. Foi tudo de ruim que poderia ter me acontecido num dia em que acordei humano. Logo nesse dia. Porque o fofo nada mais era do que um boneco de Olinda. Sozinho não se locomovia, era necessário um ventríloquo, e ao manuseá-lo era um frevo pra frente, um frevo pra trás, pros lados, agredindo a tudo e a todos a seu redor. A maior personificação de maria-mole já vista.

E ok, você me vê reclamar aqui e pensa. Poxa. Esquema era de jogar ele num banco, ploft, a pessoa morria e eu saia para o que tinha restado da noite. Mas não. A pessoa não se mexia sozinha, mas a animação e a vontade de farrear tinham a energia do coelhinho duracell. E o banco jamais foi uma opção: era colocá-lo sentado que a pessoa deslizava feito uma minhoca do axé até o chão-chão. Sem nunca desanimar. Meu. Se eu falar ninguém acredita. "BM", um amigo que da sobriedade passa longe, ficou se revezando comigo no rodízio do ventríloquo. Todo triste, sem beber direito também. Um par de freiras, pra quem visse.

Mas no final de contas acho que devo ter me divertido. Porque não parei de beber um minuto sequer, mesmo que devagar. Ciente de que se eu desistisse de vez de me embriagar seria como no "História sem fim", quando o cavalo daquele indiozinho fofo (Atreyu, beijo-wikipedia) fica meio preso naquela areia movediça, e quanto mais triste ele fica mais se afunda. (Ah, metáforas do história sem fim!)

Mas enfim, vamos aos rái-láitis da noite. Os pontos que mais me lembro.

Eu segurando o boneco de Olinda / BM também fazendo a função / Nós tentando levar ele pro banheiro, devido a seu pedido / Terror nas escadas / "a" jogado no chão do mictório / Antes de cair, ele honestamente tentou se segurar para evitar a desgraça. Se segurou inutilmente nos próprios mictórios / Não ache que por sorte divina o chão, naquele dia, estava limpo / É, minha gente, cê tá pensando que é exagero?! / "a" estapeando nossas caras e a de terceiros como se não houvesse dia seguinte / eu num misto de piedade e desejo homicida / "a" derretendo até o chão ao sentar no banco, eu o levantando, ele me batendo e dizendo que iria na pista, tendo eu que segurá-lo à força para não acontecer tal desastre / de certo não era muita força que eu tinha que fazer / eu puto carregando ele e fazendo manobras de kung fu para levantá-lo antes dele cair no chão feito cocô / meu braço sangrando pelas minhas manobras karatê kid style, que foram interrompidas por uma parede / oi?, eu não ganhei nada pelo serviço de guarda-costascorpo / trabalho voluntário / muita gratuidade pro meu gosto / "RG" - outro caridoso - ao fazer um freela de ventríloquo, acabou por quebrar o nariz de um infeliz que passava por ali no momento, devido aos karatekidismos / nenhum outro amigo querendo entrar no rodízio e eu desistindo do cargo, mandando um foda-se e liberando a bixa atacada para ir na pista / E rezando muito (coisa que na minha religião é traduzido em goles. Muitos goles.)

Você acha que dá vexame? Poderia ser pior. Acredite.

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