Do poder da auto-sugestão

" Quando eu era jovem, lembrava de tudo, tivesse acontecido ou não; agora que estou envelhecendo, minha memória falha, só consigo me lembrar de coisas que não aconteceram. "
- Mark Twain

Bebi meu progresso também é cultura. Até porque me identifiquei tanto. Vamos falar do esquecimento então, gloriosamente resumido com incrível poder de síntese pela musa Leila Lopes, no subtítulo do blog.

Ok, acho que pelos termos do mundo eu poderia me considerar jovem, mas nada mais me lembro. Minha memória falha e para compensar entra a auto-sugestão. Um clássico foi quando eu não conseguia lembrar o nome do garoto bonitinho-metidinho-cabelomiojo e o 'm' numseidaonde tirou que era pablo. E eu "éééé, agora lembrei, é pablo mesmo!". Não era. Era diego. E o próprio pablodiego/diegopablo aceitou a denominação sem protestos porque 'poxa, é um nome bonito'.

Ou quando ouvi a história genial do cara que se denominava "Ága. Tiága", numa vibe bond-james-bond do bate cabelo. Ága-Tiága, ao presenciar momentos de climão, declarações polêmicas e afins tem o hábito de abrir um grande leque imaginário - que já virou temdensia. Blabla whiskas sachet, to ouvindo essa história. Corta pra noites depois... é carnaval e estamos na tunnel. Tem gente vestido apenas de sunguinha+correntes, um velho está com um outfit de freira da cabeça aos pés, tá tocando gretchen, just the good ol' baladas-gls-baratas-de-são-paulo. E aparece um menino com um enorme leque.

Corta pra o dia seguinte. Eu contando pra todo mundo que tinha conhecido o Ága, Tiága.

É assim, o cérebro se desintegra de tal forma que só consegue fazer conexões com um nível de complexidade muito simples, do tipo Pessoa com Leque = Tiága. E a dimensão temporal se perde, vira tudo uma grande balada única, "opa, isso foi ontem ou mês passado?".

Fui descobrir semanas depois, para minha grande decepção, que jamais conheci Ága, Tiága.

E eu até tinha até outros exemplos do processo de auto-sugestão. Mas já esqueci.