domingo, 5 de outubro de 2008

Beijo-me-anula

Mano. Primeiro que agora eu falo mano. Segundo que eu tô me segurando pra não entitular esse post como ELEJAO. Porque agora tudo que eu falo é com AO. Um beijo pras portas abertas do meu inconsciente, via Cuba Libre. CORRAO.

Mas tá. Eu acabei de votar. E eu imagino que eu devia ser a pessoa mais mendiga daquele recinto. Que não era lá o Maksoud Plaza.

No livro Confissões de Adolescente, a Ingrid conta que na primeira vez que fumou maconha, ela saiu na rua bem lôca da taba com uma toalha na cabeça, e só foi se dar conta disso pelo olhar de choque das pessoas.

Pois bem. Eu estava *no vapor de ressaca da Tunnel*, eram quatro e quarenta e três, e eu tava batendo papo aqui no msn. Sabendo que o tempo limite é às cinco. Oi, não é que nunca votei. Aí, com a agilidade de um hipopótamo saí do computador e fui em direção aos meus planos. Botar uma roupa decente; escovar os dentes; dar um tapa no cabelo; uma parada na privada; tentar ficar menos fedido.

Claro, como de praxe eu sempre "me dou conta que estou atrasado" no meio da escada. CORRAO. Eu começo a sair correndo e já vou desistindo de todos os meus planos, dando prioridade só pra um. Achei digno escovar os dentes, porque fiquei com dó do povo que fosse estar perto quando eu precisasse pronunciar meu nome. Ok.

Num pulo eu só troquei de bermuda, peguei meu título e saí em disparada. _ _ _ _ _ _. Cheguei lá. E os mesários já com um olhar de final de rave, no efeito da bala ainda, meio na tensão dos últimos segundos. E num pulo eles me mandaram votar naquele segundo. Oi, eram quatro e cinqüenta e oito. Uma coisa missão impossível. Passando por debaixo da porta da garagem que está descendo pra fechar, no último segundo.

Foi então que aconteceu um imprevisto. Naquele vapor de pressão dos mesários, eu consegui errar na escolha do vereador. Obviamente também porque dediquei todo meu tempo livre à bebida, de quinta até ontem, e esqueci de rever meus conceitos sobre eleição, sobre votar apenas na sigla do partido, como isso é na prática, etc e talz... caguei. E aí enquanto eu pegava meu comprovante, senti o olhar que a Ingrid sentiu na rua. Reparei, portanto, que um trapo que eu trajava, formerly known as camiseta, estava mostrando ao mundo que veio.

É assim. Em casa eu sou um mendigo. Mais que fora dela. E se você ver as coisas que eu uso, desacredita. E aí que tem essa camiseta metida a peneira, que além de tudo não tem mais barra, é uma sucessão de pontas rasgadas e fios soltos pendurados na altura da minha coxa. E por cima tinha só uma blusa tapando a maior parte dela. Com o tempo escasso, antes de sair de casa pensei: botando esse lixo por dentro da bermuda, com a blusa por cima, e não tem quem diga. E claro, esqueci.

Então foi isso. Quando eu vi eu tava com essa trapo à vista, esvoaçante, com todo mundo olhando com asco, porque após o choque disso, o olhar das pessoas seguia pro meu cabelo, onde não havia nada no mundo mais pegajoso, e finalizava olhando pro meu chinelo - mais sujo que as ruas sujas de santinhos.

Ressaca = mendiguismo público

- Eu. tenho. medo.

Um comentário:

"f" disse...

amor, eu fui a primeira a votar, cheguei de pijama, sem escovar o dente, descabelada e quando terminei os caras que estavam lá gritaram: "sou, sou, soninha!".